Os Outros começaram a me estranhar. “Não reconheço mais a Virgínia”. Ei, por que você fala como se eu não estivesse aqui? Outro dia ouvi: “Virgínia, não estou te reconhecendo!” Fiquei sem reação. O que você espera de mim? Por que estou ouvindo isso? Eu correspondia à sua expectativa até então? O que mudou? Se eu não estou aqui, quem está?
Achei na casa da minha mãe uma pulseira de quando eu era bem novinha. Coloquei essa pulseira no pulso querendo ser aquela. Mas já havia outra pulsando.
Tirei a pulseira. Melhor não resistir.
“Estamos a todo o momento a mendigar demandas de um Outro, a solicitar que o Outro nos diga o que somos e o que queremos” (Chediak, 2007:55).
E quando reconhecerem a nova Virgínia, estranharão de novo: será outra Virgínia.
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Exato, sempre uma caixinha de surpresas 😉
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